AQUONARRATIVIDADE EM CANDUNGA, DE BRUNO DE MENEZES: UM ROMANCE SOBRE TRILHOS E TRILHAS
Literatura. Amazônia. Aquonarrativa. Bruno de Menezes.
Os estudos relativos à aquonarrativa estão ligados a uma visão de Amazônia contada e recontada por escritores que evidenciam a riqueza líquida da região. Esse conceito surgiu com as pesquisas do professor e escritor Paulo Nunes a respeito da obra de Dalcídio Jurandir (1909-1979), mas essa conceituação se tornou fundamental para compreender outras produções literárias que versam sobre a realidade do homem amazônico. Nesse aspecto, o romance Candunga (1954), de Bruno de Menezes (1893-1963), é um achado da literatura de expressão amazônica, pois aborda a temática da migração, revelando inicialmente os sofrimentos dos fugitivos da seca no Nordeste brasileiro e, em seguida, mostra uma mudança de cenário e de perspectiva com a chegada dos retirantes ao interior do Pará, lugar abundante em água. A partir dessa nova realidade, na Zona Bragantina, outros desafios se apresentam às personagens da narrativa, mas a escrita de Menezes vai mostrando que a transformação social é possível com a tomada de consciência pelos colonos. Dessa forma, esta pesquisa busca demonstrar como a aquonarratividade está presente no romance Candunga; visa também propiciar melhor entendimento sobre essa forma de enunciação, origens, características, exemplos (na obra em questão e em outras que tematizam a Amazônia). Desse estudo, decorre a necessidade de apontar a relevância de Candunga e de seu autor para o contexto do Modernismo na região Norte. Por fim, esta pesquisa discorre sobre o destino das personagens do romance, sua interação com o espaço em que vivem e o resultado de suas transformações, como efeito da “liquidoamplovivência”, característica associada a Bruno e a outros autores que tratam da Amazônia.