O PAPEL DO FEMININO NOS LADRÕES DE MARABAIXO: DE COADJUVANTES A PROTAGONISTAS
Palavras-chave: Identidade cultural; Ladrões de Marabaixo; Protagonismo feminino.
Marabaixo é uma dança cultural afroamapaense que se move ao ritmo dos ladrões, cujo toques das caixas ressoam batidas ancestrais que embalam essa dança. O nome “ladrão” se dá por sua gênese – poesias orais roubadas no improviso, e retrata à história, cultura e memória do povo negro do Estado do Amapá. É nesse contexto cultural, que a dissertação intitulada “O papel do feminino nos ladrões de Marabaixo: de coadjuvantes a protagonistas” objetiva, através de uma leitura dos ladrões de Marabaixo, investigar como esses versos, escritos por mulheres negras, exprimem não somente a memória enquanto formadora de identidade cultural dos agentes praticantes dessa manifestação secular, como revelam reflexões sobre o papel do feminino que, tradicionalmente, ocupava um lugar complementar e passa a desempenhar um protagonismo mais central, especialmente, na construção e na entoação dos ladrões de Marabaixo. O objeto de investigação desse trabalho são os ladrões feitas por mulheres negras ladronistas pertencentes aos grupos de Marabaixo tradicionais da cidade de Macapá. Tia Zezé Libório e Marli Costa são oriundas do grupo Berço do Marabaixo da Favela. Elisia Congó faz parte do grupo Raízes da Favela, herdado de seus ancestrais. Essa pesquisa qualitativa tem os estudos culturais como aporte metodológico em que os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas, registros fotográficos e da descrição das narrativas das atrizes culturais colaboradoras da pesquisa, bem como utilizou os ladrões compostos por essas protagonistas. O estudo teve como base categóricas os conceitos de gênero e raça por meio de uma perspectiva interseccional (Davis, 2016), (McClintok, 2010) e (Collins, 2020), como também buscou os conceitos de memória, cultura e identidade discutidas por (Hall, 2003; 2016), (Candau, 2012). Para fazer a contextualização histórica e principais características do Marabaixo utilizou (Videira, 2009; 2020) e (Canto, 1998). A pesquisa aponta que o protagonismo feminino é essencial para compreender as dinâmincas culturais contemporâneas e a importância do papel das mulheres na manutenção do Marabaixo.