ILHAS QUE BAILAM SOB MÃOS HUMANAS: A ESCOLA-BOSQUE DO BAILIQUE-AP E A LUTA POR POLÍTICAS EDUCACIONAIS E AMBIENTAIS EFETIVAS (1995-2025)
Escola-Bosque do Bailique/AP, Educação Ambiental, Amazônia e políticas educacionais.
Este estudo analisa a trajetória do Projeto Escola-Bosque do Amapá no Arquipélago do Bailique, entre 1995 e 2025, examinando disputas, contradições e fatores estruturais que influenciaram sua implementação, funcionamento e posterior desestruturação. A pesquisa fundamenta-se em uma abordagem qualitativa, associada à análise documental e observação direta, empregando a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (1977) para sistematizar os dados em três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação. O referencial teórico dialoga com perspectivas críticas da Educação Ambiental e debates sobre políticas públicas na Amazônia. O estudo está estruturado em três seções. A primeira investiga raízes e direcionamentos da Educação Ambiental, abordando suas disputas conceituais e políticas. Suas subseções analisam a) a evolução das conferências ambientais globais, do Clube de Roma (1968) às Conferências das Partes (1995- 2025), destacando contradições entre discursos de desenvolvimento sustentável e práticas econômicas dominantes; b) os fundamentos teóricos da Educação Ambiental, diferenciando abordagens conservacionista, pragmática e crítica; e c) as políticas públicas de Educação Ambiental no Brasil e Amazônia, evidenciando avanços normativos e desafios estruturais na implementação. A segunda examina a concepção e implementação do Projeto Escola-Bosque, destacando princípios pedagógicos e desafios iniciais. Já a terceira seção analisa sua desestruturação, identificando fatores que contribuíram para o desmonte e suas implicações para políticas educacionais. Os resultados indicam que, apesar do potencial emancipatório do Projeto, sua trajetória foi marcada por desafios estruturais, incluindo precarização de recursos, dificuldades de continuidade administrativa e conflitos políticos. A análise demonstra que a Escola-Bosque enfrentou obstáculos que refletem a tensão entre discursos de sustentabilidade e as dinâmicas socioeconômicas que condicionam políticas públicas ambientais e educacionais na região. A pesquisa aponta que a experiência do Projeto Escola-Bosque ilustra as limitações e possibilidades da Educação Ambiental crítica no contexto amazônico, destacando a necessidade de modelos educacionais que integrem saberes tradicionais e promovam a participação comunitária efetiva. As conclusões sugerem que a compreensão dos desafios enfrentados pelo Projeto pode subsidiar a formulação de políticas públicas mais alinhadas às especificidades socioculturais da Amazônia e às demandas contemporâneas por sustentabilidade.