PERCEPÇÕES E SIGNIFICADOS DO PROCESSO EDUCATIVO NO MOVIMENTO INDÍGENA: UM ESTUDO COM JOVENS KARIPUNA DA ALDEIA SANTA IZABEL/AP
Educação indígena, Jovens Karipuna, Movimento indígena, Interculturalidade, Saberes tradicionais, Identidade cultural, Aldeia Santa Izabel.
Esta dissertação de mestrado intitulada "Percepções e Significados do Processo Educativo no Movimento Indígena: Um Estudo com Jovens Karipuna da Aldeia Santa Izabel/AP", investiga as experiências educativas que jovens Karipuna da aldeia Santa Izabel, localizada no município de Oiapoque, extremo norte do Estado do Amapá, têm recebido a partir de suas participações efetivas no Movimento Indígena. O trabalho aborda a educação enquanto um processo social e cultural, analisando como ela se relaciona com as dinâmicas do movimento indígena e com a construção identitária desses jovens. A pesquisa fundamenta-se em abordagens qualitativas, utilizando pesquisa narrativa, entrevistas e observação participante para compreender as percepções dos jovens Karipuna sobre a educação formal e não formal. Ao longo do estudo, evidencia-se que o processo educativo vai além das práticas escolares, abrangendo também os conhecimentos tradicionais, a língua materna e os valores comunitários transmitidos pelos mais velhos. Esses elementos são considerados essenciais para a formação dos jovens enquanto sujeitos conscientes de sua ancestralidade e protagonistas nas lutas por direitos coletivos.O trabalho revela que a escola, ainda que situada dentro do território indígena, muitas vezes reproduz uma lógica eurocêntrica que distancia os jovens de sua cultura. No entanto, o Movimento Indígena emerge como um espaço de resistência, possibilitando a valorização da identidade Karipuna e a articulação de estratégias para a inclusão de saberes tradicionais no currículo escolar. A pesquisa destaca a importância da interculturalidade e do protagonismo indígena na construção de um modelo educativo que respeite as especificidades culturais e linguísticas dos povos originários. Entre os principais achados, estão as tensões entre os conhecimentos ocidentais e os saberes indígenas, a relevância da educação diferenciada para o fortalecimento do movimento indígena e a resistência cultural dos Karipuna frente aos desafios impostos pela globalização e pelo avanço de políticas públicas insuficientes. Conclui-se que o processo educativo é percebido pelos jovens não apenas como um mecanismo de acesso ao conhecimento, mas também como uma ferramenta para o fortalecimento da luta por autonomia, identidade e direitos.