ANÁLISE TEMPORAL DO USO E COBERTURA DA TERRA NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BARÃO DO MELGAÇO, NO SUDESTE DO ESTADO DE RONDÔNIA.
Uso e Cobertura da Terra. Chapada dos Parecis. Recursos Hídricos. Degradação Ambiental.
A sub-bacia hidrográfica do Rio Barão do Melgaço, situada no sudeste de Rondônia e abrangendo áreas dos municípios de Vilhena, Chupinguaia e Pimenta Bueno, localiza-se em uma região de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado, marcada por elevada sensibilidade ambiental. Suas nascentes encontram-se no topo da Chapada dos Parecis, uma das principais áreas de dispersão hídrica da região, conhecida como “Cinturão das Nascentes”. Esse contexto geomorfológico e ecológico confere à sub-bacia importância estratégica para o abastecimento hídrico, manutenção da biodiversidade e estabilidade climática local e regional. A ocupação dessa região intensificou-se principalmente a partir da década de 1970, impulsionada pelos programas federais de colonização, abertura da BR-364 e incentivos ao agronegócio. Inicialmente marcada por agricultura familiar e extrativismo, a área passou por profundas transformações, com o avanço da pecuária extensiva e, mais recentemente, da agricultura mecanizada, sobretudo com as culturas de soja e milho. Tais processos resultaram em substituição acelerada da vegetação nativa por pastagens e monoculturas, fragmentação florestal e degradação de áreas de preservação permanente. As atividades agropecuárias e a expansão urbana têm provocado impactos significativos nos recursos hídricos da sub-bacia: assoreamento, remoção de matas ciliares, contaminação por agrotóxicos, compactação e erosão dos solos, bem como alteração do regime hídrico. Associadas a práticas agrícolas não conservacionistas e ao uso inadequado do solo, essas transformações têm contribuído para a degradação ambiental e possível rebaixamento do lençol freático. Diante dessa problemática, o estudo realizou uma análise temporal do uso e cobertura da terra entre 1985 e 2022, utilizando dados do MapBiomas Coleção 8, aliados à caracterização morfométrica da bacia, análise de séries pluviométricas, aplicação de NDVI e validação em campo. O objetivo foi compreender a dinâmica espacial das mudanças no território, identificar áreas de maior vulnerabilidade ambiental e subsidiar políticas públicas de gestão sustentável dos recursos hídricos. Com base nas análises, o trabalho evidencia que as pressões antrópicas, especialmente o agronegócio e o crescimento urbano, têm comprometido profundamente a integridade ambiental da sub-bacia. Assim, reforça-se a necessidade de ações integradas que conciliem desenvolvimento econômico com conservação ambiental, incluindo recuperação de matas ciliares, manejo sustentável do solo, redução de contaminantes agrícolas e regulamentação da ocupação territorial. A sub-bacia do Barão do Melgaço representa, portanto, um microcosmo dos desafios da Amazônia contemporânea, exigindo estratégias de gestão ambiental que reconheçam a complexidade entre processos naturais e atividades humanas.