GEOMORFOLOGIA ANTROPOGÊNICA NO SÍTIO URBANO DE MACAPÁ, AMAPÁ, BRASIL
Amazônia; Zona Costeira Estuarina; Tecnógeno; Quaternário; Antropocêno
A Geomorfologia Antropogênica compreende que as ações humanas são responsáveis por mudanças significativas na dinâmica da paisagem, tendo em vista que, a mesma resulta da inter-relação dos elementos que a compõem, sendo o homem um importante agente influenciador do meio. Desta forma, o relevo é um dos mais importantes elementos do quadro natural, configurando-se como suporte concreto para o desenvolvimento das ações humanas nas interações naturais e sociais. A presente pesquisa tem como objetivo analisar as transformações antropogênicas na paisagem do sítio urbano de Macapá, capital do estado do Amapá. Através da caracterização geomorfológica, contextualização e espacialização destas trasnformações, ocorridas durante a evolução urbana. Discutindo, portanto, a relação dos processos históricos de ocupação e uso do atual centro de Macapá com as modificações paisagísticas ocorridas na área de estudo. O recorte espacial representa o marco inicial da ocupação e expansão urbana da cidade de Macapá e o recorte temporal definido considera os anos de 1763 e 2023 a fim de demonstrar as novas formas geomorfológicas que foram criadas em função do processo de ocupação do sítio urbano. Para a análise utiliza-se a “Planta da Praça e Villa de S. Joze do Macapa” datada do ano de 1763 e imagem ESRI Satellite do ano de 2023, pois nelas é possível identificar as alterações na paisagem através do uso e cobertura do solo da área, neste período. A pesquisa adotou uma metodologia integrada, baseada na análise cartográfica, revisão bibliográfica, levantamentos de campo e geoprocessamento de dados. Foram utilizadas imagens históricas, dados topográficos e hidrológicos, e mapas temáticos para identificar as alterações ocorridas no relevo ao longo do tempo. A classificação taxonômica do relevo proposta por Ross (1992) foi aplicada para categorizar os elementos geomorfológicos em seis níveis, abrangendo morfoestruturas, morfosculturas, padrões e tipos de formas de relevo, além de formas atuais naturais e antropogênicas. Os resultados revelam que as dinâmicas de expansão urbana e uso inadequado do solo intensificaram processos como erosão, aterramento de corpos hídricos e modificação de vertentes. Áreas de ressaca, canais naturais e sistemas de drenagem foram substituídos ou alterados por superfícies impermeáveis e estruturas urbanas, causando problemas como inundações e instabilidade de encostas. O estudo também destaca o papel da geomorfologia na avaliação de riscos e na elaboração de estratégias de planejamento urbano e ambiental, considerando os impactos de novas ocupações sobre o equilíbrio do meio físico. Conclui-se que o entendimento das interações entre os processos geomorfológicos e as ações antrópicas é essencial para promover uma ocupação territorial mais sustentável em Macapá. A pesquisa reforça a importância da geomorfologia como alicence para análise integrada da paisagem, contribuindo para o planejamento e a gestão urbana em contextos amazônicos.