Topônimos em Libras na cidade de Macapá-AP
Libras. Topônimos. Variação. Variação de Sinais.
Os estudos realizados sobre toponímia e variação linguística da Língua Brasileira de Sinais (Libras) são escassos, e quando destacamos o estado do Amapá, isso se acentua, ponto que motivou a realização desta pesquisa. Neste sentido, este trabalho pretende identificar os topônimos urbanos da cidade de Macapá, capital do Amapá, tais como os bairros, praças e estabelecimentos públicos e privados. Além disso, o objetivo se desdobra em analisar as variantes encontradas destes topônimos quanto ao nível linguístico e categorizar o corpus em relação à origem da formação dos sinais, ou seja, se são nativos, híbridos ou emprestados, e na sua morfologia, em simples e compostos. A base teórica para isso está nos estudos de Dick (1980) e Winheski (2024) que trazem as categorias toponímicas, e os de Weinreich, Labov e Herzog (2006), Luchesi (2015) e Coelho (2018) que conceituam a língua como um sistema heterogêneo. Quanto aos estudos da Libras, utilizamos os trabalhos de Quadros (2004) e Nascimento (2010) que tratam da variação em Libras e as formas de entrada de empréstimos na mesma; e Xavier (2014; 2016), Ferreira e Xavier (2021) e Chaibue (2022) que investigam os topônimos da Libras, suas estruturas internas e a variação desses. A metodologia é a quanti-qualitativa, com aspectos etnográfico e documental. O corpus foi coletado a partir do acervo pessoal do autor organizado desde 2014 e do E-book do projeto “Libras para a comunidade”. A análise dos dados identificou 108 lugares da cidade de Macapá com sinais em Libras, destes 25% apresentam variação e o total de sinais encontrados foi de 138. Os resultados revelam também que a formação híbrida foi responsável pela maior parte da formação do corpus de bairros e estabelecimentos públicos e privados, entretanto, nas praças e parques, os sinais nativos são a maioria. Isso evidencia o impacto do português na formação dos sinais toponímicos da Libras em decorrência do contato, ao mesmo tempo que atesta o movimento de resistência da comunidade surda em relação a tal influência.