MERCERIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS FIBRAS DO FRUTO DO PATAUÁ, PALMEIRA DA AMAZÔNIA
biometria de fibras, pontoações obstruídas, lignina, celulose, bioprodutos
O patauá (Oenocarpus bataua Mart.) é uma palmeira pertencente à família botânica Arecaceae que ocorre em toda a Amazônia. De forma semelhante ao açaí, dos seus frutos se extrai uma polpa comestível, gerando um resíduo rico em fibras lignocelulósicas com potencial para aplicação em biomateriais. Sua modificação por tratamentos alcalinos pode torná-las ainda mais aptas para tal finalidade. O objetivo deste trabalho é caracterizar as fibras do mesocarpo do patauá naturais e mercerizadas. A coleta do fruto do patauá foi realizada no município de Afuá localizado na região norte do Brasil. A caracterização morfológica se deu por microscopia óptica do macerado e das fibras sob diferentes condições, biometria e microscopia eletrônica de varredura. Foram determinadas a composição química estrutural e não estrutural incluindo teores de extrativos totais, lignina e cinzas. Os grupos químicos foram avaliados por espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier. Foram determinados a umidade, densidade aparente e absorção de água. Foi executada a caracterização mecânica das fibras. A biometria das fibras revelou relação comprimento/espessura média de ≈ 40, além de parede celular com espessura média maior (4.10 µm) do que a largura média do lúmen (3.01 µm), ou seja, maior proporção de parede celular. O aspecto visual das fibras mudou drasticamente após tratamento alcalino. A umidade das fibras que variou de 9,51 para as fibras in natura a 12,63% para as fibras tratadas 10% a 80° C, que foi superior às demais estudadas. Com relação a densidade, o teste indicou baixa variação entre as fibras tratadas com diferentes temperaturas e porcentagens de NaOH. Observa-se que as fibras tratadas com as porcentagens de NaOH a 5% e 10% a 80° C demonstraram mesma capacidade de absorção de água. Os tratamentos químicos individualizaram parcialmente as fibras e as tornaram mais porosas por meio da desobstrução de pontoações. Os pré-tratamentos químicos viabilizaram as fibras para futura produção de nanofibrilas de celulose, papéis e compósitos.