VIVÊNCIAS E IMPACTOS DO DIAGNÓSTICO DE HIV: Estudo Qualitativo Com Usuários Atendidos Em Macapá
HIV; Estigma Social; Confidencialidade; Acesso aos Serviços de Saúde; Impacto Psicossocial.
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é o agente etiológico que, na ausência de tratamento adequado, evolui para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Até os dias atuais, o diagnóstico do HIV ainda é carregado de processos de estigmatização originados no início da epidemia, quando não havia tratamento e os casos evoluíam rapidamente a óbito. Este estudo teve como objetivo identificar os impactos da revelação do diagnóstico de HIV em usuários de serviços de referência no município de Macapá. Trata-se de pesquisa exploratória e descritiva, de abordagem qualitativa, realizada em duas unidades de referência (SAE/CTA e Policlínica da UNIFAP), com dez participantes selecionados que aceitaram participar do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, obedecendo aos princípios éticos. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, gravadas e transcritas, e analisados no software ATLAS.ti® segundo a análise de conteúdo de Bardin. Como recurso complementar, elaborou-se uma nuvem de palavras para identificar a frequência e a intensidade de termos relevantes no corpus, auxiliando na definição e na organização das categorias analíticas que foram organizadas em três categorias principais: Impactos psicossociais do diagnóstico; Estigma, sigilo e a vulnerabilidade na gestão da identidade sorológica e, O processo de adaptação a TARV: entre a barreira e o suporte na rotina de cuidados. A nuvem de palavras evidenciou que termos como “tratamento”, “diagnóstico”, “medo” e “preconceito” se destacaram pela alta frequência e intensidade com que apareceram nas respostas refletindo os eixos centrais da vivência com o HIV. Esses resultados demonstram que o estigma, a falta de informação e o medo da exposição permeiam desde a aceitação do diagnóstico até a adesão ao tratamento, sendo agravados pela fragilidade da rede de apoio e pela homofobia no contexto familiar e comunitário no caso de pessoas declaradas homossexuais. Por outro lado, a atuação de profissionais comprometidos e o suporte multiprofissional mostraram-se determinantes para a continuidade da terapia. Conclui-se que combater o estigma é uma estratégia central de saúde pública para favorecer a adesão, alcançar a carga viral indetectável e interromper a transmissão. O estudo reforça a necessidade de
políticas públicas integradas que reorganizem a rede assistencial, especialmente em contextos de populações em alta vulnerabilidade, como as do estado do Amapá.